Os vereadores do partido socialista mais uma vez se abstiveram na deliberação que estabelece o protocolo entre o município das Caldas da Rainha e a Culturcaldas para a gestão do centro cultural e de congressos de Caldas da Rainha por considerarem que os objectivos desta associação estarem a ser atingidos de forma que consideramos excessivamente lenta e insuficiente. De resto, uma vez que o protocolo continua a reiterar como prioritários os mesmos objectivos de há anos para cá sem que se verifique uma realidade que os concretize constitui a verificação notória de um processo que não parece conseguir activar alguns dos princípios que estruturam este protocolo.
Encontra-se nesta situação a criação de um centro de pedagogia e animação, serviço educativo, que nunca foi efectivamente dinamizado, havendo mesmo uma relação muito pontual e débil entre escolas (básicas, secundárias e superior) e o CCC.
Ao argumento costumeiro da falta de orçamento para criar este serviço, cumpre recordar que um orçamento é gasto tendo em conta uma orientação e escolhas conjunturais. O problema não reside no orçamento mas sim na importância conferida a um serviço educativo.
Outras entidades nas Caldas da Rainha têm feito um excelente trabalho neste âmbito com orçamentos exíguos mas com um empenhamento muito meritório e que vai dando resultados.
Não podemos continuar a queixar-nos de falta de público (cinema, teatro, exposições) e de poucas receitas, quando não fazemos o indispensável para uma criação consistente de públicos. Desde 2008 que está prometida a criação deste departamento. É impensável achar-se que ele não constitui uma prioridade, oito anos depois da sua inauguração.
Cumpre referir que a direcção do CCC foi definindo um período de consolidação artística que previa que em alguns anos o CCC cumprisse integralmente um processo de afirmação artística nacional e sustentabilidade financeira, o que, reconhecidamente, não vem sendo satisfatoriamente atingido.
Verifica-se que existe uma dificuldade reiterada em estabelecer ligações operativas com outros interventores culturais do concelho, facto que tem gerado controvérsias desnecessárias e que cumpre evitar. Importa referir que destes interventores, sobressai a escola superior de arte e design, que integra já cursos de segundo ciclo em gestão cultural pelo que pareceria apropriado estabelecer e aprofundar estes laços, nomeadamente ao nível da sua direcção artística.
Consideramos, de resto, que, na sua essência, toda a direcção artística constitui, por definição, uma curadoria intrinsecamente temporária e não faz qualquer sentido que se considere que um mesmo conceito artístico deva presidir a este equipamento, inalterado durante anos a fio. Esta realidade adquire particular notoriedade quando existe no concelho massa crítica, para mais superiormente habilitada, capaz de apresentar novas linguagens e outras experiências.
Sem comentários:
Enviar um comentário