A Câmara Municipal das Caldas da Rainha associa-se ao pesar que, na sequência da operação homicida da passada Sexta-feira, enlutou a cidade de Paris. Repudiamos abertamente todas as visões do mundo que prevêem a eliminação de seres humanos como veículo de angariação de ganhos filosóficos, religiosos, políticos ou ideológicos. É, em primeiro lugar, este facto que nos envolve a todos, sobretudo todos quantos fomos eleitos pelos cidadãos, que nos escolheram baseando-se nos valores que defendemos e nas práticas democráticas por que pugnamos dentro ou fora do poder local.
É verdade que são numerosos os casos em que aqueles que concebem e executam estes atentados escolhem comunidades pacíficas e ordeiras, não apenas para preparar os assassinatos, mas para os levar a cabo. Mas não é esse o motivo da nossa solidariedade. Todos temos tudo a ver com estes atentados porque, importa que o recordemos sempre, qualquer que seja a nossa área e espaço de intervenção, partilhamos, todos partilhamos, a determinação irreprimível segundo a qual o valor da vida humana ultrapassa todas e quaisquer outras considerações.
A monstruosidade cobarde a que assistimos no passado dia 13 de Novembro não foi apenas uma execução impiedosa e premeditada de dezenas de jovens inocentes. Aquilo que contemplámos em Paris foi o indício do medo. Cumpre-nos, também como autarcas, reafirmar que estamos unidos nesta guerra global contra o medo e contra os seus agentes. Diz-nos respeito sobretudo porque é indispensável recordar que todas as políticas e doutrinas baseadas no medo sempre conduziram, conduzem e conduzirão ao seu superlativo. O medo promove o que de pior existe em cada um de nós. Toda a discriminação política, religiosa, sexual, ou de qualquer outro cariz radica no medo do Outro. A alteridade só se converte numa ameaça se deixarmos que seja contaminada pela ignorância. O medo é a primeira ferramenta dessa mesma ignorância. Paralisa toda a tolerância e promove leituras estouvadas e incautas da vida.
As liberdades individuais são o primeiro motivo da nossa existência como autarcas. Aliamo-nos na campanha contra o medo, a ignorância e contra a discriminação. O medo é uma sorte de poluição que temos, como eleitos em democracia, o dever e a oportunidade de exterminar. O liberalismo e a democracia moderna, que a França inspirou, nasceram desse combate contra o medo. Como liberais, como democratas, somos hoje e sempre, também nessa acepção histórica, parisienses.
(O presente voto foi aprovado por unanimidade, e será remetido para a embaixada de França e para a mairie de Le Raincy, com a qual as Caldas da Rainha têm uma geminação).
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