Os vereadores do Partido Socialista manifestaram numa das últimas reuniões de câmara a sua posição contrária à alteração de uso do edifício onde funcionou o Externato Ramalho Ortigão, em vias de se converter num convento.
Foram os vereadores de opinião de que poder-se-ia ter encontrado outro espaço que não colocasse um ponto final para um edifício histórico que nasceu para ser um estabelecimento de ensino. Em nenhum momento foi disputada a licitude jurídica da proposta, ainda que se sublinhasse a insensibilidade do projecto para com a comunidade caldense.
Contudo, o problema maior não é este. O que sustenta a decisão de estar firmemente contra a utilização daquele edifício como um convento de freiras não é apenas um argumento emocional ou afectivo, mas antes patrimonial. A verdade é que, para garantir o funcionamento do edifício como espaço educativo, a autarquia das Caldas da Rainha foi profundamente benemérita para com o Patriarcado, nomeadamente quando ali foi proposto instalar um Pólo da Universidade Católica “Biotecnologia”.
As transformações e as obras que, na altura, foram necessárias realizar, as despesas com compra de equipamento laboratorial e outros, obrigaram a autarquia a um esforço financeiro significativo e uma comparticipação muito perto de um milhão de euros. Num espaço de cerca de dez anos foi esse o valor que custou aos caldenses acolher essa iniciativa. É sabido que o encerramento do Pólo se verificou por falta de alunos, facto lamentável que, ainda por cima, não era algo de novo. A inércia e passividade da autarquia e uma antiga e clamorosa negligência na política educativa concelhia já antes conduzira ao desaparecimento da UAL e dela ainda hoje se conhecem os resultados, colocada que está em causa a sobrevivência de outras estruturas educativas.
Não é, enfim, aceitável que uma autarquia tenha gasto cerca de um milhão de euros para garantir a continuidade de uma estrutura educativa e agora, num repente, ignore olimipicamente esse gasto público de outrora e nem sequer avalie convenientemente alternativas bem como a possibilidade de, ao menos, haver lugar a indemnização ou compensação por parte de quem irá usufruir das obras realizadas e comparticipadas pelos Caldenses.
Não é admissível tamanha ligeireza sobre a forma como se descuidam estes assuntos de milhões, sem notícia sequer de qualquer exigível contrapartida.
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