Ficámos a saber que na câmara municipal agora realiza-se reuniões de facção partidária. Ficámos a saber também que, para a definição de um plano de colaboração intermunicipal, não servem os contributos de todos os vereadores, mas apenas de alguns. E para garantir uma pluralidade de ideias escolhe-se apenas as que sejam oriundas de um único partido.
Já antes o partido socialista realizou reuniões partidárias com autarcas do concelho de Óbidos, mas teve a decência de o fazer em sede própria, nas sedes partidárias.
Aquilo que assistimos é um gesto de tão extraordinário desdém democrático que nos merece o maior repúdio e fotografa com clareza o descrédito político que estes presidentes de câmara merecem ao aceitar convocar reuniões que excluem os eleitos de grande parte da população dos seus concelhos e que, sobretudo em reuniões deste teor, exigem a participação de todos e não dos correlegionários de partido.
Alguém deve recordar-lhes que um presidente da câmara não é presidente dos eleitores do psd, mas sim de todos os caldenses e de todos os obidenses.
Ultrapassa-nos tentar perceber o que se pretendeu dizer naquela reunião às escondidas dos restantes vereadores, legitimamente eleitos, mas recusar entregar pelouros a vereadores de outros partidos para depois fazer reuniões que incluam os que os têm é um absurdo totalmente injustificável. Os vereadores a quem não foram atribuídos pelouros, por atávica e obtusa decisão partidária, são-no de pleno direito. E nenhuma razão plausível existe para transformar uma reunião de colaboração entre municípios num enclave partidário. A não ser que se considere que a preservação da Lagoa é um assunto do psd e que a Cultura, a Juventude, o Desporto, a Economia, etc., sejam questões que apenas digam respeito a vereadores com pelouro e que o contributo de todos os demais seja escusado e dispensável.
O psd não pode comportar-se como se fosse dono disto tudo. Não é. Ninguém é.
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