Não é trivial que uma figura pública conglutine a admiração e a afeição de todos os sectores cívicos de uma comunidade. É ainda menos corrente se essa figura pública representar um sector em que a criatividade e o pioneirismo são elementos imprescindíveis da sua actividade. O nome de Herculano Elias é um destes nomes que imediatamente concita esse raro enleio colectivo.
O seu falecimento representa um duro golpe para o concelho das Caldas da Rainha. Não apenas pela sua extraordinária carreira como ceramista, que muitos outros souberam, sabem e saberão sempre circunstanciar, nem sequer apenas pelo cimélio técnico e perito que com o seu desaparecimento se desencaminha, não apenas pela sua obra como educador, que tantos artistas de renome testemunharam ao ponto de o considerarem autoridade inestimável dos seus percursos artísticos, mas sobretudo pela filigrana do seu trato terno. É essa característica cortês e afável da sua personalidade que sempre recordaremos em primeiro lugar.
A sua obra, descendente imperecível da sua existência, conservará a memória deste gigante mestre ceramista de forma perene. Cumpre-nos a todos garantir da sua constante socialização e valorização. O seu lugar na história da cerâmica portuguesa está há muitos anos mais do que assegurada. Mas a sua delicadeza, o seu gesto sempre acolhedor, a sua amável precisão, a sua contemplação jubilosa, o seu sorriso quase infantil, sempre astuto. Para estes, resta-nos a nossa própria recordação. Saibamos todos merecer a sua memória e o intransigente prazer que ela nos guarde.
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