Equipa de vereação PS

Equipa de vereação do Partido Socialista Caldas da Rainha:
Jorge Sobral, Filomena Cabeça, Manuel Remédios, António Ferreira, Helena Arroz, João Jales e Rui Correia
Vereadores eleitos para o mandato 2013/2017: Rui Correia (Ind) Jorge Sobral (PS)

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Câmara propõe encerrar Rua Heróis da Grande Guerra aos sábados das 9h às 14h

Após análise detalhada do relatório apresentado pela ACCCRO acerca da sua proposta de manutenção da abertura ao trânsito da Rua Heróis da Grande Guerra, o vereador Rui Correia manifestou a opinião de que, não obstante se tratar de um estudo excessivamente empírico e fundamentado num universo de inquiridos necessariamente parcial, o relatório constitui uma contribuição bem-vinda para a indispensável ponderação deste assunto.

Considera o vereador, contudo, que este relatório contraria abertamente a posição, a um tempo aparentemente consensualizada, pela qual a abertura ao trânsito se faria a título temporário - apenas durante as obras de regeneração urbana. Pretende-se agora que esta abertura se faça com carácter definitivo.

O vereador Rui Correia considera que já muitos milhares de euros se investiram nesta rua para a tornar prioritariamente pedonal. O seu piso e a sua organização foram objecto de estudos tendo em vista uma utilização pedonal com a óbvia excepção das cargas e descargas.

As consequências desta reversão parecem, a priori, muito nefastas. Numa cidade que se pretende saudável, onde se prepara um plano municipal de ciclovias, se instalam parques e equipamentos para o exercício infantil e sénior, uma terra onde são numerosas as iniciativas de sucesso que apontam para o estímulo de uma vida activa e de actividade física, voltar atrás neste conceito que pretende estimular a segurança, saúde, tranquilidade, qualidade do ar, convívio pedonal e diminuição do trânsito automóvel na frequência de um espaço nobre da cidade, seria de esperar que se compreendesse que estas vantagens trazem, reconhecidamente trazem, a médio prazo um incremento da qualidade de vida citadina num conceito que vem sendo seguido crescentemente em todo o mundo.
De igual modo, o mapa de ruído resultante de um piso que foi pensado para limitar o trânsito rodoviário, ilustrará igualmente os efeitos negativos desta reversão.
Acompanhamos, pois, as teses que apontam para uma gradual humanização e o uso activo dos espaços exteriores. E isso passa também por uma valorização e incremento das áreas pedonais e de convívio sem automóvel.

Contesta-se abertamente a ideia pela qual os clientes não possuam espaços de estacionamento que lhes permitam continuar a frequentar os mesmos estabelecimentos de comércio local. Os investimentos milionários feitos recentemente nos parques de estacionamento que se situam em três locais, cada um deles dentro ou a 50, 100 metros do centro histórico e comercial das Caldas da Rainha, não permite concluir que exista risco de diminuição de clientela por essa razão. Não podemos continuar a permitir como civicamente aceitável que as pessoas queiram estacionar os seus automóveis a um ou dois metros dos lugares onde pretendem deslocar-se. Essa é uma das razões por que temos nesta cidade um entranhado hábito de estacionamento em segunda e terceira fila.

Não acreditamos, pois, na melhoria da qualidade do espaço público com a reintrodução do trânsito automóvel no centro histórico das Caldas da Rainha.

O maior risco do comércio local não é esse. O fim do termalismo, o fim da indústria, uma deplorável ausência de cultura urbanística e o recente advento é grandes superfícies comerciais dentro e fora das Caldas da Rainha constituem, reconhecidamente, os adversários mais influentes do comércio local.

De resto, é indesmentível que os comerciantes das Caldas da Rainha só não têm como adversário um novo centro comercial na cidade porque a crise financeira adiou a construção de uma grande superfície. Não é, acto contínuo, de excluir que um retorno aos níveis de consumo interno anteriores à crise possa acarretar para Caldas da Rainha uma séria ameaça ao comércio tradicional.

São as heranças de uma gestão política e urbanística local profundamente errada e que nos conduziu a esta depressão económica urbanística e identitária em que vivem as Caldas da Rainha. É o seu legado. O pior é que este legado e esta realidade dão prejuízo a toda a gente e continuam. Nenhum plano de mobilidade está a ser feito.

Continuamos a não dar forma nem sentido ao conjunto da cidade. Não existem fluxos de continuidade de trajectos (é impossível hoje criar um corredor pedonal ou por ciclovia que ligue o hospital à estação ferroviária, entre outros exemplos), não se investe determinadamente numa cultura de expansão de transportes públicos, não se dá qualquer prioridade aos conceitos contemporâneos de mobilidade.

Hoje fecha-se uma rua ao trânsito, amanhã abre-se a mesma rua ao trânsito numa gestão circunstancial e errática. Ruas há nesta cidade que têm marcados em pedra estacionamentos automóveis em diagonais contrárias ao sentido rodoviário da rua. Nesta matéria muito é feito ao sabor de conveniências imediatas. Nenhuma visão de futuro sustenta as decisões colectivas.

É indesmentível que esta cidade continua a ter o mesmo eixo Norte/Sul que teve desde que se fazia a ligação tradicional rodoviária Lisboa Porto, passando por aqui. E que essa ligação não tem hoje alternativa. E que essa ligação, esse eixo estruturante é a Rua Heróis da Grande Guerra; e que o comércio tem prejuízo porque esta maioria psd semeou ventos e impõe-nos hoje colher esta tempestade. Sabia-se como, sabia-se inevitável mas não se fez trabalho de casa. O resultado está à vista.

Consideradas todas estas reflexões, o vereador manifesta-se contra a reabertura ao trânsito da Rua Heróis da Grande Guerra.

Considera, em todo o caso, que a inexistência de um plano de mobilidade que crie alternativas aos cidadãos representa uma negligência grave e antiga desta maioria psd e que trouxe as consequências que hoje sentimos.

Foi apresentada uma proposta para o encerramento desta rua aos Sábados, das 9:00 às 14:00. A proposta foi aprovada com duas abstenções. Embora concordando com o encerramento, mesmo que para já parcial, desta rua, até que esteja elaborado o plano de mobilidade da cidade das Caldas da Rainha, o vereador absteve-se nesta votação por este encerramento não constituir um passo inicial para tornar a rua prioritariamente pedonal, garantindo a automobilistas, comerciantes e peões alternativas seguras e eficientes de mobilidade citadina.


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