Equipa de vereação PS

Equipa de vereação do Partido Socialista Caldas da Rainha:
Jorge Sobral, Filomena Cabeça, Manuel Remédios, António Ferreira, Helena Arroz, João Jales e Rui Correia
Vereadores eleitos para o mandato 2013/2017: Rui Correia (Ind) Jorge Sobral (PS)

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Dois anos de vereação socialista nas Caldas da Rainha - um balanço político




No momento em que se completam precisamente dois anos desde que esta vereação tomou posse no executivo da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, cumpre determinar, sem rodeios, qual o alcance e importe do trabalho desenvolvido ao longo deste mandato pelos vereadores socialistas.
Em primeiro lugar cumpre referir que desde a primeira hora os vereadores socialistas se disponibilizaram e esperariam poder desempenhar funções executivas a tempo inteiro, dessa forma contribuindo para a resolução muito mais capaz e imediata dos problemas dos Caldenses.
Consideramos um elementar acto de maturidade e desenvoltura democrática que tivessem sido atribuídos pelouros que se adequassem ao perfil de cada um dos vereadores para, dessa forma, se contribuir para a eliminação do maior dos problemas deste executivo: a sua notória incapacidade em atender de forma competente a todas as solicitações dos munícipes.
A maioria psd preferiu entreter dinâmicas antigas, num quadro de arcaísmo político e de supremacia do cálculo partidário ao interesse das populações. Por esse motivo, recusámos aceitar incumbências sortidas, que nos foram propostas sem qualquer estrutura logística e executiva que permitisse uma adequada prossecução de objectivos.
Prestar contas é uma obrigação de todos os eleitos. Os vereadores do Partido Socialista têm mantido um blog (http://vereadorespscaldas.blogspot.pt/) onde semanalmente dão conta pública do seu trabalho e que conta já com mais de 270 propostas e tomadas de posição.
Nunca em tão pouco tempo alguma vereação apresentou tantas decisões como as que neste mandato foram apresentadas em apenas dois anos. Neste site, uma base de dados política bastante funcional, é possível avaliar a abrangência dos contributos objectivos dos vereadores. Sem pretender abordar estes tópicos de forma exaustiva, podemos afirmar que, entre Outubro de 2013 e de 2015, a nossa acção permitiu impedir que fossem cometidos muitos erros graves, apresentadas soluções concretas para a resolução de dificuldades, apresentadas propostas inovadoras e denunciados numerosos atropelos à lei.
Não faremos aqui o elenco das iniciativas que tomámos. Isso encontra-se nesse blog, um documento que não nos permite falsear aquilo que é uma realidade feita de muito trabalho. Convidamos, pois, todos os eleitores a visitar essa nossa conta-corrente.
Mantivemos sempre uma conduta irrepreensível de colaboração executiva, mas também de exigência política, que, cremos, é reconhecida pelo restante executivo. Fez parte da nossa prática não poupar nos aplausos, nem nas censuras. O estudo detalhado dos dossiês, que hoje são processados e distribuídos em formato digital, por exigência nossa de que nunca abdicámos, entregues com duas semanas de antecedência, permitiu proceder a um acautelamento cuidado dos interesses dos cidadãos.
Mantivemos um contacto constante com a população que sempre nos fez chegar as suas propostas, queixas e sugestões, em gestos de cidadania franca e desamarrada, sem ligar a filiações ou simpatias partidárias. É especialmente emotivo constatar que a vida de muitos concidadãos caldenses foi, neste e naquele aspecto, melhorada apenas por causa da intervenção da vereação socialista.
Sejamos claros: o maior desafio imediato que se nos colocou e coloca é o de abater a poderosa inércia que esmaga este executivo camarário. As centenas de ideias boas que aqui chegam acabam sempre, inexoravelmente, por nunca serem consistentemente seguidas e tudo se resume constantemente a arrebatamentos sortidos, cheios de boas intenções, que nunca conduzem a lado nenhum.
Combatemos a resistência pesada de se recusar abertamente o planeamento, a calendarização, a monitorização e a avaliação. Os pelouros não comunicam, funcionam verticalmente, como torres invulneráveis, sem que se estabeleça um qualquer fio condutor que desenhe uma linha de futuro, uma que seja, para as Caldas da Rainha.
Em dois anos de mandato nenhuma reunião foi expressamente convocada para se pensar no futuro. As poucas reuniões que houve tiveram sempre o objectivo de resolver problemas prementes, provocados por uma incompreensível procrastinação que faz deixar para o último dia, tudo aquilo que deve ser pensado com um indispensável vagar.
A organização do governo desta autarquia constitui o maior problema que se coloca ao município. Sempre nos disponibilizámos a contribuir para aliviar esta carga e, perante a nossa insistência fizemos parte de júris para atribuição de concessões ou entrevistas de dezenas de estagiários. Fizemo-lo graciosamente, sem auferir qualquer remuneração.
Manifestámos sempre a nossa intenção de estabelecer caminhos congruentes para a prática decisória deste município. Criar caminhos que permitam produzir uma visão de futuro operativa e funcional. Abandonar a doutrina imperante do episódico, a dimensão dos "eventos" e abraçar uma estratégia que permita implantar nas Caldas da Rainha uma estrutura conceptual que nos guie, que afirme a sua identidade e simplifique a sua apropriação por parte de quem cá vive e de quem nos visita.
Uma identidade é sempre uma composição plural. Desejamos agregar a essa vivência das Caldas da Rainha os seus elementos mais identificáveis: a criatividade, Bordalo, D. Leonor, a cerâmica, a vocação termal, a educação e a prodigiosa oferta turística que tão descuidada e maltratada tem sido neste concelho.
Reforçar a capacidade comunicacional da autarquia, elemento em que esta é redondamente inábil; a comunicação é elemento fundamental para estabelecer uma cumplicidade cívica com o projecto colectivo da comunidade. Um projecto que ninguém acompanha porque ninguém o consegue identificar. E não o identifica, porque simplesmente não existe.
Contribuímos para uma visão de futuro ao reparar o projecto das ARUs que, sem qualquer fundamento, voltava a repetir um erro, ao excluir freguesias sem qualquer critério.
Contribuímos para a afirmação de um PEDU que, fosse ele seguido e não apenas um instrumento utilitário para a apresentação de candidaturas a fundos comunitários, poderia gerar um pensamento e um itinerário de futuro bastante interessante.
Insistimos na criação do Plano Estratégico das Caldas da Rainha, tendo sido desenhado uma agenda de conferências que este executivo aprovou, calendarizou, orçamentou, mas que nunca se dispôs a pôr em prática.
Denunciámos numerosos ilícitos, devidamente explicados em linguagem clara e minuciosa, para que todos os caldenses pudessem julgar por si sós a justeza da nossa indignação, em relação a inúmeros casos em que esta autarquia agiu de pura má-fé, violando acordos verbais, ilegais, desprezando palavras dadas e atropelando todos e quaisquer procedimentos legais mínimos; obrigando esta autarquia, neste mandato, a tomar decisões vexatórias, humilhantes mesmo, e que revelam sem margem dúvidas, um amadorismo grosseiro, uma forma incompetente e prepotente de gerir uma autarquia.
Este mandato tem sido um mandato de missão. A missão por vezes impossível de limpar a casa. Este município tem um armário cheio de esqueletos. Tem sido e continua a ser um trabalho intenso e difícil abrir as portas desse armário de par em par. A opacidade e complexidade das operações ilícitas, requer uma dedicação absoluta. As auditorias financeiras revelam, semestre após semestre, um contínuo e antigo atropelo processual que custou a este município milhões de euros e uma reputação sólida de falsidade e de impunidade.
Foi assim com o processo Vimar e a abertura do Rua Padre António Emílio; foi assim com o processo da Urcaldas, que fez com que uma escola pública e um pavilhão estivessem em situação de ilegalidade durante vinte anos e que se pagasse 2.4 milhões de euros em vez de 500 mil; foi assim com a compra da Expoeste, por 340 mil euros, depois de ter sido já paga com dinheiros públicos; foi assim com a ETAR do Landal, que obrigou a que uma família vivesse em situação de indignidade durante uma década; foi assim com a transferência da empresa de depósito de sucata de São Cristóvão para Santa Cecília e que se encontra ainda em estado de ilicitude jurídica; foi assim com a situação da Cooagrical; é assim com a compra de acções da Amo+ com dinheiro desta câmara a ser fornecido sem acordo escrito de pagamentos; foi assim com a compra de 1 milhão de euros de acções da Águas do Oeste com dinheiro do SMAS, sem nenhuma deliberação que aprovasse esse empréstimo; foi assim com os 3 milhões de euros devidos ao SMAS por obras da Mais Centro que o município recebeu e nunca pagou; será assim com os milionários processos judiciais que correm na justiça, a maior parte deles sem nenhuma razão para que tivessem ocorrido.
A displicência e o desdém a que se tem votado o Orçamento Participativo, uma conquista do Partido Socialista nas Caldas da Rainha, revela uma incompreensão absoluta do seu potencial e da sua relevância pública. A sua convocação bienal representa uma bóia de salvação de um instrumento cuja benignidade cívica não se consegue fazer vingar junto do executivo psd.
A ausência completa de uma política cultural, em resultado de uma indiferença absoluta ao projecto colectivo de identidade e de afirmação da comunidade artística. Uma indefinição indefensável quanto ao privilégio que a lei concede às escolas públicas como provedores prioritários da oferta do ensino. São muitos os esqueletos, sim. Muitos, os desafios.
A passagem do património termal representa, também ela, uma impressionante carga política que se coloca às Caldas da Rainha. Estivemos sempre contra esta forma de transmissão de responsabilidades. Não apenas por não confiarmos na capacidade negocial e funcional deste executivo, em criar a estrutura necessária para explorar devidamente aquele que é o mais relevante fundo de desenvolvimento desta terra - as suas águas termais - mas porque consideramos que a despromoção do termalismo a mero ofício de lazer representa uma afronta identitária e um erro histórico que pagaremos caro. Nada é irreversível. Lutaremos sempre pela permanência deste património, uno, no Ministério a que pertence: o ministério da saúde que com este governo e apenas com este governo se atreveu, em 500 anos de história, a encerrar-lhe as portas de forma inopinada e injusta.
Mas é no campo da saúde que temos vindo a ser especialmente interventivos. Desenvolvemos uma constante exigência pela qualidade dos cuidados de saúde nas Caldas da Rainha, reivindicando que se conserve a idoneidade técnica que permita ao CHO manter a presença de internos que tanta falta fazem aos cuidados médicos no concelho. Para tal, a nosso pedido foi pela primeira vez escutada a Ordem dos Médicos que teve oportunidade de apresentar as suas conclusões quanto ao processo de fusão e nova gestão das unidades hospitalares que constituem o novo CHO. Fizemos o mesmo em relação aos enfermeiros, cuja luta justa acompanhámos na câmara como na rua. Esta câmara aprovou um documento abertamente crítico contra a política de saúde que está a ser seguida no CHO. Organizámos os Encontros da Saúde, na sequência da presença nas Caldas da Rainha do então Secretário-geral do PS, Dr. António José Seguro, que aqui se inteirou dos estrangulamentos a que vêm sendo sujeitos os cuidados de saúde no nosso concelho. Denunciámos a interrupção temporária dos serviços da VMER por falta de pessoal, revelação que permitiu a sua imediata reactivação.
A saúde dos Caldenses encontra-se em risco de colapso. Uma ARS que insiste em tentar despromover a capacidade clínica e médica da unidade das Caldas da Rainha constitui, hoje, o principal adversário da nossa terra. Representada acriticamente por uma administração autocrática, persecutória, e apostada em destruir todos os focos de prestígio deste hospital, a ARS vem estrangulando o quotidiano hospitalar e permite que se chegue a situações caricatas como o caos recorrente das urgências, a proliferação de focos infecciosos sem nenhum controlo ou monitorização, a vergonha de ser um hospital que não envia dados à Entidade Reguladora de Saúde, com elevadores em risco de queda, nomeações contra a lei, criando condições para o abandono de pessoal médico com créditos firmados em sectores chave, pondo em risco a manutenção da maternidade, não dando resposta à necessidade urgente de uma unidade de cuidados intensivos, com a oncologia a perder médicos, uma clamorosa carência de materiais hospitalares de qualidade; a humilhação remuneratória e laboral dos enfermeiros, conduzindo ao seu despedimento e colocando protocolos de segurança em risco.
Redigimos e fizemos aprovar uma moção, por unanimidade, onde demos conta das nossas apreensões, devidamente fundamentadas e que foi remetida ao senhor Ministro da Saúde.
De um hospital pequeno, mas reconhecidamente prestigiado, com pessoal inteiramente consagrado ao serviço público, com idoneidade formativa, com uma atmosfera humana invejável e benigna, passámos em poucos anos a um cenário de um hospital sem futuro, povoado por um pessoal em constantes estado de exaustão, sustentando uma funda desmotivação, em resultado de uma continuada desclassificação profissional, uma desmaterialização de recursos e o advento de inaceitáveis receios persecutórios. Tudo em resultado de uma gestão clamorosamente incompetente, que não participa nem aposta na vida de comunidade que serve mas que nunca conheceu, não conhece nem nunca chegará a conhecer ou a respeitar.
Este é um combate de que não desistiremos, e que elegemos como o eixo supremo da qualidade de vida dos caldenses.
Ser vereador comete-nos de responsabilidades de seriedade e de diligência que só podem ser atingidas com a participação de todos. Esse é o nosso desígnio para os difíceis tempos que se avizinham.
Não sabemos o que os Caldenses irão querer de nós no tempo que nos resta deste mandato. Mas sabemos que os caldenses sabem quem somos, o que pensamos e como agimos. Fizemos muito nestes dois anos, mas nunca o fizemos sozinhos. E daqui para a frente não faremos bem o nosso papel sozinhos. É imprescindível ouvir os problemas e as propostas dos nossos concidadãos. Por isso chamámos aqui a imprensa. Para que saiba ela ser justa, assegurando aos caldenses que, não obstante o silenciamento a que somos continuada e ostensivamente sujeitos, a oposição existe e trabalha. Motiva e defende. Age e soluciona. Aplaude e condena. Pensa e progride. Produz.
Esta conferência de imprensa não pretende que aqui venhamos advogar em causa própria. Serve para o que serve: mostrar serviço. Foi para isso que fomos eleitos. Não para estar sentados em cadeiras, mas para provar que votar em nós foi um investimento cívico de cada eleitor, que nós pagamos com trabalho e com diligência. Tudo documentável.
Nós fazemos a nossa parte. Aquela que nos foi confiada há dois anos.
Vamos continuar o futuro.
Caldas da Rainha, 14 de Outubro de 2015
Rui Correia, Jorge Sobral, Filomena Cabeça, Manuel Remédios, António Ferreira, Helena Arroz, João Jales

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